Bill e a literatura
Depois de uma seca literária de uns 5 meses mais ou menos, alguns comentários na Playboy, Veja, Istoé, ou qualquer outra dessas revistas (não me lembro bem qual era de verdade) acabou me motivando a comprar este livro:
O comentário geral era que o tal Nick McDonell estava se tornando o hype literário atual graças a esse romance de estréia onde ele descreve a vida dos ricos, libidinosos e viciados adolescentes de Nova York. Até ai nada demais, se o guri não tivesse só 17 anos quando escreveu (hj ele tem 20). Apesar da dificuldade de "inovar" nesse tema (afinal não é muito difícil cair em chavões) o rapaz até que surpreende e consegue deixar o livro interessante, daqueles que se vc não tiver muito para fazer lê num dia só. O destaque vai sem dúvida para o personagem principal, White Mike, que consegue fugir de todos os padrões tradicionais de um traficante de uma forma quase inédita. Entretanto nem tudo são flores e acabam sempre existindo aqueles personagens previsíveis que, desde a primeira página, vc já sabe o que vão fazer (coloquem ai a gostosona do colégio que faz de tudo pra ser popular, o garoto rico que faz de tudo pra agradar a gostosona, a boa aluna que é sempre motivo de chacota e acaba se tornando viciada, entre outros). Mas no fundo acho que esses personagens não são apenas esteriótipos e sim comportamentos verdadeiros presente na sociedade americana, então acabam sendo personagens válidos.
Com um bom diretor o livro facilmente poderia virar um desses clássicos alternas adolescentes. Se mudassem o final então, ai ficaria ótimo.
Talvez o que eu tenha mais gostado no livro em si é que, desde que comecei a me tornar um adolescente e a me interessar por histórias de sexo, drogas e rock'n'roll, sempre tive uma vontade de escrever uma história com o tema. As tentativas frustradas redenram no máximo meia duzia de contihos com pouco mais de uma página e que não tinham o menor sentido. Mas lendo o livro acabei reconhecendo dezenas de temas e comportamentos que eu sempre planegei usar, aquela história de estar no meio do paragrafo e falar "porra, boto fé que o cara devia fazer isso" e bang! ele vai lá e faz. É possivel que seja por isso que eu tenha achado a história tão familiar e talvez não esteja sendo justo com o verdadeiro valor da história
Bom, um dos principais motivos do sucesso todo é que a critíca americana em massa disse que o livro é (sic) "Um tocante retrato da juventude como não se via desde 'O Apanhador no Campo de Centeio'". Sendo assim fui tirar a prova real.
Não posso negar: DECEPÇÃO. Sempre associei muito livros/filmes antigos a disco antigos. Não é uma coisa fácil de se apreciar principalmente se o cenário em que a obra foi feita existia 30 anos antes de você nascer. Por isso mesmo que sempre tento olhar com outros olhos essas obras mais antigas, já que o que chocava as pessoas em 1950 não deve chocar nem uma criança hoje em dia. Mas independente disso tudo ainda me decepcionei absurdamente com o livro, pelo único e exclusivo motivo de Holden Caulfield ser o personagem mais reclamão em todos os livros que eu já li (acho que ele concorre entre um dos mais chatos da literatura mundial). Um molequinho abusado, entediante, sem objetivo algum e extremamente pretencioso por fazer questão de, a cada duas linhas, dizer que todos ao seu redor são um bando de idiotas que estão ali se enganando, enquanto ele, um moleque mimado de 16 anos, sabe o que realmente está acontecendo. Ridículo. Sem contar que Holden se contradiz a cada duas linhas em suas teorias, exemplo clássico é a ridícula rinha que ele tem com o Cinema/Teatro e a cada dez páginas ele cita alguma cena de Hamlet ou qualquer outro filme/peça da época. Outro exemplo seria o casinho amoroso que ele tem com Sally Hayes que nunca anda pra frente, mas ele insiste em falar que é porque ele na verdade não se importa com ela e a acha meio burra e só fica com a guria pq ela é meio gostosa. NÃO HOLDEN, NÃO! O CASINHO NÃO VAI PRA FRENTE PQ VC MANDA MAL RAPAZ! MUITO MAL!!!! Chega a ser constrangedor para quem lê. Até pq como todo o cara que manda mal ele já tem a desculpa perfeita, que no caso é sua paixão nunca revelada pela vizinha Jane.
Uma coisa que eu não entendia era essa história de O Apanhador no Campo de Centeio ser o retrato de uma geração. Afinal como o relato de uma história de um personagem, que claramente foi um evento incomum que provavelmente nunca mais ocorreu, pode ser o retrato de uma geração? Visivelmente Holden era uma exceção em seu ambiente então não podia representar um comportamente comum que havia ocorrendo, no caso, em 1950. Mas depois de refletir um pouco sobre o assunto acho que o grande trunfo do livro é retratar a adolescencia do homem, que apesar de ser um assunto pra lá de comum hoje com dezenas de teorias e estudos em cima, em 50 quase não era comentado. Dessa forma todas as dualidades de Holden ora sendo infantil ora querendo se passar por garanhão fumando seu cigarro e bebendo seu whiskey, ora se sentindo atraído por Sally ora a achando estúpida, deve ter batido em cheio na cabeça de todos os garotos de 14 à 17 anos dos Estados Unidos que tentavam fugir desses questionamentos todos e se adaptar ao seu novo status de "homem". Mas nos dias de hoje essa forma (porque não) "primitiva" de expor os sentimentos acaba sendo inútil, já que basta você abrir uma capricho ou ligar na MTV para ver textos muito mais direcionados sobre o assunto. E como Tony Wilson já dizia: "Beatiful. But unfortunally, nothing useless can be trully beatiful".
Mesmo assim o livro tem algumas partes que valem a pena. Entre elas eu destaco algumas lembranças de Allie, irmão morto de Holden, e principalmente a cena final quando Holden encontra sua irmã Phoebe em frente ao museu. Os dialogos que se seguem de longe se mostram os mais interessantes de todo o livro e existem algumas partes bem comoventes. É curioso como de todo o livro o personagem mais bem estruturado é de longe a Phoebe, irmã mais nova (que deve estar por volta de uns 9, 10 anos) de Holden.
Depois de uma seca literária de uns 5 meses mais ou menos, alguns comentários na Playboy, Veja, Istoé, ou qualquer outra dessas revistas (não me lembro bem qual era de verdade) acabou me motivando a comprar este livro:
O comentário geral era que o tal Nick McDonell estava se tornando o hype literário atual graças a esse romance de estréia onde ele descreve a vida dos ricos, libidinosos e viciados adolescentes de Nova York. Até ai nada demais, se o guri não tivesse só 17 anos quando escreveu (hj ele tem 20). Apesar da dificuldade de "inovar" nesse tema (afinal não é muito difícil cair em chavões) o rapaz até que surpreende e consegue deixar o livro interessante, daqueles que se vc não tiver muito para fazer lê num dia só. O destaque vai sem dúvida para o personagem principal, White Mike, que consegue fugir de todos os padrões tradicionais de um traficante de uma forma quase inédita. Entretanto nem tudo são flores e acabam sempre existindo aqueles personagens previsíveis que, desde a primeira página, vc já sabe o que vão fazer (coloquem ai a gostosona do colégio que faz de tudo pra ser popular, o garoto rico que faz de tudo pra agradar a gostosona, a boa aluna que é sempre motivo de chacota e acaba se tornando viciada, entre outros). Mas no fundo acho que esses personagens não são apenas esteriótipos e sim comportamentos verdadeiros presente na sociedade americana, então acabam sendo personagens válidos.
Com um bom diretor o livro facilmente poderia virar um desses clássicos alternas adolescentes. Se mudassem o final então, ai ficaria ótimo.
Talvez o que eu tenha mais gostado no livro em si é que, desde que comecei a me tornar um adolescente e a me interessar por histórias de sexo, drogas e rock'n'roll, sempre tive uma vontade de escrever uma história com o tema. As tentativas frustradas redenram no máximo meia duzia de contihos com pouco mais de uma página e que não tinham o menor sentido. Mas lendo o livro acabei reconhecendo dezenas de temas e comportamentos que eu sempre planegei usar, aquela história de estar no meio do paragrafo e falar "porra, boto fé que o cara devia fazer isso" e bang! ele vai lá e faz. É possivel que seja por isso que eu tenha achado a história tão familiar e talvez não esteja sendo justo com o verdadeiro valor da história
Bom, um dos principais motivos do sucesso todo é que a critíca americana em massa disse que o livro é (sic) "Um tocante retrato da juventude como não se via desde 'O Apanhador no Campo de Centeio'". Sendo assim fui tirar a prova real.
Não posso negar: DECEPÇÃO. Sempre associei muito livros/filmes antigos a disco antigos. Não é uma coisa fácil de se apreciar principalmente se o cenário em que a obra foi feita existia 30 anos antes de você nascer. Por isso mesmo que sempre tento olhar com outros olhos essas obras mais antigas, já que o que chocava as pessoas em 1950 não deve chocar nem uma criança hoje em dia. Mas independente disso tudo ainda me decepcionei absurdamente com o livro, pelo único e exclusivo motivo de Holden Caulfield ser o personagem mais reclamão em todos os livros que eu já li (acho que ele concorre entre um dos mais chatos da literatura mundial). Um molequinho abusado, entediante, sem objetivo algum e extremamente pretencioso por fazer questão de, a cada duas linhas, dizer que todos ao seu redor são um bando de idiotas que estão ali se enganando, enquanto ele, um moleque mimado de 16 anos, sabe o que realmente está acontecendo. Ridículo. Sem contar que Holden se contradiz a cada duas linhas em suas teorias, exemplo clássico é a ridícula rinha que ele tem com o Cinema/Teatro e a cada dez páginas ele cita alguma cena de Hamlet ou qualquer outro filme/peça da época. Outro exemplo seria o casinho amoroso que ele tem com Sally Hayes que nunca anda pra frente, mas ele insiste em falar que é porque ele na verdade não se importa com ela e a acha meio burra e só fica com a guria pq ela é meio gostosa. NÃO HOLDEN, NÃO! O CASINHO NÃO VAI PRA FRENTE PQ VC MANDA MAL RAPAZ! MUITO MAL!!!! Chega a ser constrangedor para quem lê. Até pq como todo o cara que manda mal ele já tem a desculpa perfeita, que no caso é sua paixão nunca revelada pela vizinha Jane.
Uma coisa que eu não entendia era essa história de O Apanhador no Campo de Centeio ser o retrato de uma geração. Afinal como o relato de uma história de um personagem, que claramente foi um evento incomum que provavelmente nunca mais ocorreu, pode ser o retrato de uma geração? Visivelmente Holden era uma exceção em seu ambiente então não podia representar um comportamente comum que havia ocorrendo, no caso, em 1950. Mas depois de refletir um pouco sobre o assunto acho que o grande trunfo do livro é retratar a adolescencia do homem, que apesar de ser um assunto pra lá de comum hoje com dezenas de teorias e estudos em cima, em 50 quase não era comentado. Dessa forma todas as dualidades de Holden ora sendo infantil ora querendo se passar por garanhão fumando seu cigarro e bebendo seu whiskey, ora se sentindo atraído por Sally ora a achando estúpida, deve ter batido em cheio na cabeça de todos os garotos de 14 à 17 anos dos Estados Unidos que tentavam fugir desses questionamentos todos e se adaptar ao seu novo status de "homem". Mas nos dias de hoje essa forma (porque não) "primitiva" de expor os sentimentos acaba sendo inútil, já que basta você abrir uma capricho ou ligar na MTV para ver textos muito mais direcionados sobre o assunto. E como Tony Wilson já dizia: "Beatiful. But unfortunally, nothing useless can be trully beatiful".
Mesmo assim o livro tem algumas partes que valem a pena. Entre elas eu destaco algumas lembranças de Allie, irmão morto de Holden, e principalmente a cena final quando Holden encontra sua irmã Phoebe em frente ao museu. Os dialogos que se seguem de longe se mostram os mais interessantes de todo o livro e existem algumas partes bem comoventes. É curioso como de todo o livro o personagem mais bem estruturado é de longe a Phoebe, irmã mais nova (que deve estar por volta de uns 9, 10 anos) de Holden.
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